Podre Ser

0 comentários

Vazio, ébrio e vadio, um recipiente jogado as traças, um completo desperdício. Costumava a me afastar de todos os seres, por medo de me habituar a rotina deles.
Cometi uma falta involuntária, me aproximei, conheci a podridão. São seres desprezíveis que te usam enquanto conveniente, depois, te jogam ao chão.
Lembro-me dos momentos que eu costumava a ficar só, não me faltava nada, precisava somente da minha companhia. Hoje não sei o que há de errado, sinto um aperto, precisando de algo, acho que tudo esta diferente agora.
Admito que também seja um humano, e hoje não me é conveniente a ter pessoas ao meu redor, apenas sonhos...
Sou mais um engano, um erro fatal que é denominado ser humano.

Dieu Sartes

Rotina

0 comentários

Meus olhos se abrem, minha cabeça dói,
levanto-me e vou em direção ao espelho,
após uma noite primorosa,
minha feição se apresenta de forma caliginosa.

A semana começa dessa maneira,
uma sensação desagradável a atordoar,
que se apresenta no primeiro dia,
de um jeito onde aprendi a apreciar.

Os próximos cinco dias têm outro aspecto,
totalmente inverso ao domingo,
a semana tem um ar de responsabilidade,
na solidão de uma grande cidade.

Passo a semana a me estressar,
na tentativa de uma sociedade organizar,
ao me nome se fazer conhecido,
trabalhando como um verme apodrecido.

É horrível, mas vivo os dias assim,
segunda a sexta vivo a trabalhar,
para minha alma alimentar,
na espera de mais uma noite de sábado chegar,

O habito se torna evidente,
final de semana chega novamente,
e com vinho tinto passo a brindar,
com os amigos vou me embriagar.

Uma garota bonita passa por mim,
seu olhar é cativante,
um espaço aguardado se estende,
com cortesia me apresento.

Sinto que é hora de investir,
uma recepção distinta eu começo a sentir,
agradável ao espírito, e traz um bem estar
até vimos às estrelas, sentados em frente ao mar.

Então meus olhos se abrem, minha cabeça dói,
levanto-me e vou em direção ao espelho,
após uma noite primorosa,
minha feição se apresenta de forma caliginosa.

(Lord Sartes)

Cálice

0 comentários

Pai! Afasta de mim esse cálice
Pai! Afasta de mim esse cálice
Pai! Afasta de mim esse cálice
De vinho tinto de sangue...

Como beber
Dessa bebida amarga
Tragar a dor
Engolir a labuta

Mesmo calada a boca
Resta o peito
Silêncio na cidade
Não se escuta

De que me vale
Ser filho da santa
Melhor seria
Ser filho da outra

Outra realidade
Menos morta
Tanta mentira
Tanta força bruta...

Pai! Afasta de mim esse cálice
Pai! Afasta de mim esse cálice
Pai! Afasta de mim esse cálice
De vinho tinto de sangue...

Como é difícil
Acordar calado
Se na calada da noite
Eu me dano

Quero lançar
Um grito desumano
Que é uma maneira
De ser escutado

Esse silêncio todo
Me atordoa
Atordoado
Eu permaneço atento

Na arquibancada
Prá a qualquer momento
Ver emergir
O monstro da lagoa...

Pai! Afasta de mim esse cálice
Pai! Afasta de mim esse cálice
Pai! Afasta de mim esse cálice
De vinho tinto de sangue...

De muito gorda
A porca já não anda
De muito usada
A faca já não corta

Como é difícil
Pai, abrir a porta
Essa palavra
Presa na garganta

Esse pileque
Homérico no mundo
De que adianta
Ter boa vontade

Mesmo calado o peito
Resta a cuca
Dos bêbados
Do centro da cidade...

Pai! Afasta de mim esse cálice
Pai! Afasta de mim esse cálice
Pai! Afasta de mim esse cálice
De vinho tinto de sangue...

Talvez o mundo
Não seja pequeno
Nem seja a vida
Um fato consumado

Quero inventar
O meu próprio pecado
Quero morrer
Do meu próprio veneno

Quero perder de vez
Tua cabeça
Minha cabeça
Perder teu juízo

Quero cheirar fumaça
De óleo diesel
Me embriagar
Até que alguém me esqueça

(Chico Buarque de Holanda)

O que não sabes, tampouco saberás

0 comentários

Às vezes eu me lembro,
de toda dor que eu senti,
e às vezes em silêncio eu choro em saber,
de tudo o que passou e ainda estou aqui.

Eu me distanciei de todos,
involuntariamente,
pela simples maneira,
de não mais saber interagir.

Ninguém saberá o que é,
saber tudo que sei,
ninguém saberá como é,
viver tudo que vivi.

Saber que não fui cruel
talvez este seja um castigo,
Isso esta me matando,
ter vivido ao seu lado.

Em ruína eu estou,
todo despedaçado,
ser apenas um homem,
um pobre ser desgraçado.

(Lord Sartes)

0 comentários

TEMPO RETILÍNEO CORAÇÃO ALTERADO

Já faz cinco anos desde que olhei pra você pela ultima vez, e desde então tudo mudou. Os invernos estão cada vez mais gelados e os outonos sem graça. A alma de um jovem feliz esta tão velha e triste. Sinto-me constrito por todas as palavras que não pude exprimir. No decorrer daquele período eu estava inquieto dia após dia, as quatro estações se passavam e aquele ano um dia chegou ao fim.

Então me recordo da ultima vez em que a vi. Eu estava em um assento conversando com um amigo e então olhei para o lado, ao longe estava sentada com o olhar fixo em minha direção, percebi minhas entranhas revirarem, minhas mãos ficaram frigidas.

Foi o último suspiro, desde então, o garoto que um dia estava inseguro se transformou em um varão cheio de afirmações intimativas. Dúctil, com esmero de estilo, logrei com êxito tudo aquilo que nunca careci. Pois tudo que precisava era de sentir o que um dia pude sentir.

E hoje tão sólido, não posso mais fazer nada. É lastimável, mas a verdade é que, mesmo que um dia possa rever você novamente, há a certeza que nada poderá reaquecer um coração glacial.

(Lord Sartes)

Mais uma arte da guerra

0 comentários

A determinação conduz-me a seguir,
a arte que alimenta a forma interna,
ostenta moral que exterioriza
eu vivo a beleza da guerra.

Aqueles que encontram,
a glória na morte em combate,
sempre necessitou do orgulho,
de ter morrido com coragem.

Viver pusilânime não importa,
é digno estar em combate,
é tão sereno ver minha lamina zunindo,
jorrando sangue ao meu lado.

É calmo estar em campo,
o inimigo sempre chega ao seu limite,
a tristeza começa a surgir
quando a guerra chega ao fim.

Um dia me perguntou,
como eu agüentava ver a destruição,
olhei nos olhos daquele homem,
disse que aquilo era minha paixão.

Eles com certeza me abominam,
por adotar uma forma pungente,
trivial é gozar suas vidas,
estagnado na idéia antagônica.

Sua paz não existe,
sem a guerra pra equilibrar,
viver de forma pacifica,
é utópico sem lutar.

(Lord Sartes)

Busca Incessante

0 comentários

Ilusão que o assola, o cansaço e a ansiedade um dia levaram a busca. Ao céu não se encontra uma resposta, que determina o foco da alegria.
Estudo profundo, permite-se olvidar do conculco que um truão o fez. Encontrando-se em um novo caminho, um novo objetivo que avança sempre com os cálculos.
Livros na mesa, páginas foliadas, a busca incessante para saciar o ego, deixar de ser vil e passar a fundamentar o novo ser que ali esta renascendo.
Em meio aos discursos que ele ouve atentamente, percebe aos poucos a dualidade da personalidade e a impossibilidade de se satisfazer.
O que um dia foi seu medo, já não é mais. Quem um dia foi grandioso, já não é mais. O que um dia foi... já não é mais.
Então como encontrar a resposta que desde o seu renascimento buscou... Só se acalmando e vivendo o Baco que o deseja.
Entre a embriaguez e a orgia que se encontra, algo o torna mais sorridente. Mas o fechado sentimento que ainda o tem, não cessa o desejo de ir à busca da sua própria liberdade.

(Lord Sartes)